quarta-feira, 5 de agosto de 2009

a arte de adoecer

nunca consegui compreender direito o meu corpo. há pessoas, alguns amigos meus, que dizem sentir o limite do corpo, como se este fosse uma máquina e o dono da máquina, do corpo, fosse assim uma espécie de gerente. consegue gerir a máquina, bricar entre os limite e o descanso total. nunca consegui sequer acreditar nessa capacidade, sempre achei meus amigos, e as pessoas também, antes de tudo mentirosas. o meu corpo sempre foi bem independente de mim, formamos por alguns anos uma boa parceria, mas de uns tempos pra cá a máquina não cvonsegue acompanhar a mente... é como se houvesse uma defasagem entre a evolução dos dois. minha filha diz que é culpa do cigarro, e que se não fossem os 35 anos de fumaça correndo pelos pulmões eu teria uma velhice bem mais agradável. ela diz que eu poderia viver mais e melhor. certo que até poderia viver mais, mas tenho minhas dúvidas se viveria melhor. melhor em que? poderia fazer caminhadas lentas assim que o sol nascesse. quem sabe sentiria menos dor física, duvido que a ausencia do cigarro curasse as chagas que trago na alma e dentro do peito. fato é que sei que morrerei em breve, acho que é a primeira vez na vida que tenho pressa, vontade que o tempo passe logo e que chegue a minha hora. não sei o que vai acontecer com minha essência, se vou para o céu ou para o inferno, mas a minha carne, o meu corpo, eu quero que sea enterrado no cemitério são joão batista, a cova pode ser funda, quero que a umidade me poupe deste calor que enfrentei todo o tempo em que estive vivo, com exceção dos tempos que passei na europa. não precisa haver anjos por cima do meu túmulo e as flores podem ser de plástico. no meu epitáfio escrevam: "viveu, amou e foi feliz", o réquiem pode ser uma balada da rita lee, abram uma cerveja e brindem gritando meu nome. não se esqueçam de me leogiar bastante, o quão grande homem eu fui e todas esses adjetivos que se usam quando alguém morre... e depois me deixem em paz! vou fumar um último cigarro antes de dormir e da tosse chegar.


daniel

Um comentário:

  1. Meu irmão é escritor! Poeta! Autor da própria vida e de um pseudônimo indecifrável.
    :) Quanto orgulho

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