quinta-feira, 15 de outubro de 2009

devaneios urbanos

pedrinhas caídos nas calçadas pelo caminho ainda dormem. com a face colada às pedras frias. os pés e mãos calejadas vez e outra são pisadas pelos que passam correndo rumo ao trabalho, ou em busca dele. crianças sem idade também estão caídas, amontoadas feitos mercadorias vencidas e deixadas de lado pelo dono da mercearia. juntos tentam um usurpar o calor do corpo do outro. a tentativa é vã, esperam que o calor nasça daquela união, ou que o sol resolva parecer e ali possam fazer um "forno-humano". cobertores e pães mordidos esquecidos no lixo são paliativos, parecem somente protelar o sofrimento, a dor e a agonia da existência. ah, quase esqueci de dizer que os pedrinhas são humanos, que assim como as pedrinhas da calçada, também são pisados e esquecidos.

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