segunda-feira, 12 de outubro de 2009

elucubrações V

até onde podemos julgar alguém? em ponto somos melhores que outros? e, sendo melhores, poderíamos nos sobrepor?

a vida acaba por mostrar as verdadeiras facetas dos seres humanos e nada melhor que o convívio para isso. e aos nos depararmos com os erros de alguém acabamos nos esquecendo dos nossos próprios, empunhamos pedras e partimos ao esculacho. denegrir, xingar, ofender e destacar o que seriam os defeitos. seria esse um meio de querer destaque, luz, holofote e atenção? a crítica e a ofensa são limitadas por uma linha tênue, podemos romper a fronteira entre uma e outra sem notar.

ao transpassar essa fronteira podemos perder o que havíamos coquistado: credibilidade. a ofensa gratuita não acrescenta e não leva a evolução alguma. os melhores (e mais evoluídos também) seres humanos que conheci sempre destacaram seus adversários, combatiam com ideias e soluções que os inimigos não conseguiam enxergar, ou seja, iluminavam tudo com uma luz tão forte que o erro e defeito sumiam, eram encobertos pela luminosidade da superação. apenas se valiam da escuridão destes para salientar, fortificar e justificar o seu pensar.

seria, então, melhor perder o controle sobre a fronteira e invadir o território da ofensa gratuita? para alguns é o melhor mesmo, o jeito que encontram de se destacar e de sobrepor. muita vezes não se consegue perceber, mas a humilhação não tarda a vir a tona.

as lições aprendidas pela humanidade sempre mostraram que os humilhadores, não demora muito, serão também humilhados, ou frustrados, por suas próprias ações e palavras. ficam sozinhos num território hostil e minado. todos que estão a sua volta e que, por qualquer razão que seja, imposta por uma relação social, por exemplo, acabam concordando com este ou aquele pensamento. no entanto, na iminência da derrota e das explosões que atigirão o humilhador, rapidamente levantam voo os seguidores e se deslocam para bem longe das minas para poderem se deliciar com a degradação daquele que fora o líder opressor. ver um líder deste tipo ser humilhado tem um sabor diferente para quem teve de concordar com os absurdos! até mesmo as maiores patentes do nazismo, que intimamente eram judeus de alguma forma, se deliciaram com a derrota do Reich, a morte do Fuhrer e a humilhação alemã. a vingança é um prato que se come bem frio... e na minha terra dizem que ela demora porque vem no lombo de um jegue, mas ela chega!

aqueles que conseguem perdoar, destacar o erro do inimigo com sutileza, trazer soluções para eles aparecem muito mais. aprender com o erro do outro é muito melhor! dói muito menos! pra que ser invasor e vilependiador?!

até onde você quer ir com essas ofensas? conseguirá segurar tantas pedras na mão para agredir a todos que eraam a sua volta? acho que viverá sempre cego, a carregar pedras, sem aprender e eu aqui, do lado de cá da fronteira, do lado da crítica. do lado de quem prefere ser criticado e ver as críticas... quero sempre poder compreender o erro alheio, poder entender as soluções que são dadas, aplicá-las aos meus próprios problemas e evoluir.

e quando você estiver cansado pode vir pra cá, trago uma cadeira proo seu descanso, um copo d'água pro seu refresco e as mãos carregadasde perdão e compaixão para descansar as suas tão calejadas das pedras que andou carregando por toda a vida.

cuidado, minha filha, não tente levar tudo que te disse tão a sério, falo a toa, talvez desleixado pelo passar dos anos e pela insanidade. ou ainda pela idade que começa a desgastar as paredes de minha memória. tudo anda meio desbotado, confuso, perdido e agredido pelas pedras que jogaram em minha casa - o meu corpo -, mas a alma ainda sobrevive... e você bem que podia começar aprendendo com a minha insanidade, que tal?

espalme as mãos e aspedras cairão naturalmente. isso já um bom começo para se ter um novo fim.

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