café fumegante, ar gelado da manhã de inverno.
os olhos custam a abrir e entender tamanha claridade.
pele arrepiada e pelos eriçados, envolve a xícara com as duas mãos,
em vão.
hoje é o calor da presença dele pela casa o que faz falta,
este silêncio em eco constante é o que esvazia
e uma fina camada de poeira sobre os discos,
em vão.
o toque de sua coxa por entre as minhas pernas,
dançávamos em cadência lenta
e hoje tropeço por não saber caminhar só,
em vão.
sorvo o caldo negro amargo pacificamente enquanto esfria na caneca
eu também perco o calor fumegante,
você era o incêndio em mim, o fogo se apaga e estou só na clareira aberta,
em vão.
acabo de pensar algo em sua homenagem,
publicarei no jornal:
"vende-se vitrola e conjunto de discos em bom estado de dança".
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